ARCO DA ÍRIS

seguia o fluxo em passos fixos
inabaláveis, precisos
em rumo ao quintal
da grama azul
ajudava a direcionar
o raiar da aurora
multicolor
preenchia o campo florido
cujo alimentara-se
do pólen às gotas de terra
das raízes férteis

sedativa

bebia galhos
mascava folhas
arrotava flores
perfumando o espaço

segregatício ciclo
insígnias dos teus dotes
de encantando e magia

como matriarca ancestral
compônia
compunha a safra
os futuros dos frutos
das próximas almas
e todo resto se prendera
no ritual dos contos

as aves
independentes, preciosas
agruparam-se
do alto pro baixo
ao lado dos rastros
vibráteis
num ballet de fôlego e vento
sintonizavam o evento
potencializando com sagacidade
os efeitos das forças
ondulantes, magnéticas
até o sol se pôr

assim
como o toque do teu anel
entre a seda das vestes
e a sede de transformação
desvanecera
magicamente 
deixando a sensação de ilusão
para quem quisesse
a partir de então
a responsabilidade
não era mais dela

consumida por um arco-íris
de tamanho infinito
findava ciclos
_

texto autoral retirado da série poética Flor de Bicha, de Rucka de Lacaia.

reprodução: Vem lá do Sul

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