Rucka cita Maysa

trecho da minissérie Maysa, Quando Fala ao Coração, do capítulo 4, exibida na Globo em 2009. escrita por Manoel Barros, com colaboração de Ângela Chaves, Maria Carolina e Mariana Torres. dramatização icônica onde dona Maysa, encurrala a masculinidade frágil de Ronaldo Boscôli, depois de abandoná-la num programa de televisão, para ir atrás de outra mulher, na qual também tenta produzir. texto marcadíssimo na interpretação de Larissa Maciel. poderosa, podia tudo. eu amo a atmosfera doce, caótica e sombria que a Maysa trazia, não só em suas canções como na sua persone tempestiva. deu pra perceber que ela tinha uma vibração densa. sempre enjoada, muito debochada e melancólica. queria ser como ela. riquíssima. pois bonita já sou. :( esse diálogo que transformei num monólogo e agora, um mantra sempre me despertou identificações turvadas na época, quando assisti pela primeira vez e ao mesmo tempo, me aplicava uma segurança tremenda (o que tem-se chamado de empoderamento), quando era necessário negociar o meu desejo com o que sou. hoje, enquanto moro e habito conscientemente a esta corpa testiculada-feminina, percebo o quão essa conversa entre Maysa e Boscôli e toda dinâmica da relação dela se reflete nas minhas experiências e das minhas irmãs, princesinhas. me permito fazer não uma comparação, mas uma adaptação a minha vida nas nossas expectativas e práticas heterossexuais usando a figura do homem cisgênero. o desejo existe. mas qual desejo? eu não tô sentindo... esse áudio é uma memória viada, um devaneio. pode ser uma homenagem, aos vestígios de Maysa em mim, uma lembrança, um poema religioso pra quem ouvir. um deboche. um estado de espírito, uma piada - como já foi um bordão entre alguns amigos e conhecidos e continua sendo quando nos encontramos. qualquer coisa, mas antes um brinde a constituição do ser bysha! como diz Linn da Quebrada, "pra ser viado assim, precisa ter muito, mas muito, muito, muito muito muito muito muito muito, mas muito talento, hein!"

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